Em
qualquer lugar do mundo uma pessoa com cinquenta e sete anos de televisão seria
ovacionada e coberta de homenagens, mas Hebe não! Não se engane; as honrarias e
homenagens que Hebe recebe, vêm de parte da imprensa que é considerada menor e
a classe artística que patina, digamos em um nível popular.
Os
intelectuais que, com razão, Dercy Gonçalves chamava de “o câncer do Brasil” e
os modernóides de plantão a consideram: velha, ridícula, brega... Se não burra
de tudo! Mas, por quê? Hebe representa o Brasil, um Brasil ingênuo, que senta
no sofá há mais de cinquenta anos para acompanhar os seus rompantes de
indignação com os desmandos do nosso país e esse povo se identifica com ela. Às
pessoas adoram seus ataques de tietagem com ídolos populares e seu estilo brega,
colorido e Tropicalista! E o que falar de suas joias então?
Mas,
Hebe teve bons momentos na TV. Vamos a eles: Protagonizou o primeiro vídeo
clipe ao lado do falecido Ivon Curi, entrevistou Neil Armstrong e protagonizou
momentos impagáveis da TV brasileira quando num arroubo de ousadia fez um
programa inteiro sobre travestis! Coisa que no final da década de 1980, dava o
que falar (até cadeia) e chocou a sociedade, tendo o programa sua fita apreendida
pelo então, ainda ativo departamento de censura (o programa foi em 1987).
Também
a homenagem aos oitenta anos de Dercy Gonçalves teve a fita apreendida devido a
um seio de fora da sempre ousada veterana atriz.
Hebe teve atos que foram pouco comentados e que
comovem: doou sangue a Dercy Gonçalves quando a mesma se operou de câncer!
Dercy disse uma vez “Hebe não precisava fazer isso, mas fez”.
Hebe
hoje está doente e demonstra uma dignidade absolutamente admirável no trato com
sua enfermidade e sua fé merece respeito do que creem e que não creem, por isso
termino esse rascunho pífio desejando a você Hebe... Muita luz e muita força e
obrigado por seus anos de dedicação a entreter o nosso alegre, mas triste povo
brasileiro.
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